LAMUSA
Laboratorio de Musica Antiga
A bela e fiel Ariadne
Die schöne und getreue Ariadne
Hamburgo, 1691
Johann Georg Conradi
Dias 07 e 08 de junho de 2014
Pequeno Auditório do Teatro Positivo
APRESENTAÇÃO
Hoje em dia, mesmo na Europa é muito rara a oportunidade de ouvirmos uma ópera como “Ariadne”, escrita por Johann Conradi e estreada em 1691 no teatro de ópera de Hamburgo com enorme sucesso. Reapresentar Ariadne nos dias de hoje significa trazer a público não apenas uma obra esquecida por mais de 300 anos, é também revelar ao ouvinte um pouco da história do teatro de Hamburgo, também conhecido como “Teatro do Mercado dos Gansos”, e que durante seus sessenta anos de existência (1678-1738) foi um dos mais importantes e mais bem equipados teatros da Europa. Pessoas de todo o continente vinham assistir os espetáculos inovadores de Hamburgo, diferentes de tudo que se conhecia na época. E o que havia de tão especial em Hamburgo?
Talvez seja bom lembrar que, depois da estreia do Orfeu, de Claudio Monteverdi, no ano de 1607, em Mântua, o espetáculo de teatro inteiramente cantado, denominado simplesmente “ópera”, havia se popularizado e se difundido em toda a Europa. Mais do que isso, na época da estreia de Ariadne, a ópera havia se polarizado entre o formato veneziano e o formato francês, da corte de Luís XIV, cada qual com características muito particulares. A ópera pública de Veneza tinha seus personagens cômicos, as amas e criados insolentes, a estrutura de três atos, enquanto que a ópera em Paris encantava seu público com as danças, os coros, os muitos instrumentos de sopro agregados à imponente orquestra de cordas, além das cenas de sono, tempestade e encantamento. Compositores alemães do final do século XVII, como Johann Theile, Adam Strungk, Johann Franck e nosso Conradi, acabaram por desenvolver um modelo original de ópera na Alemanha, que incorporava elementos venezianos e franceses ao tradicional Singspiel alemão, espetáculo de teatro cantado. Como características alemãs, entre muitas outras, temos o libreto escrito em alemão, as canções estróficas, de cunho popular, fáceis de memorizar e cantar, o uso do dialeto da região, o Plattdeutsch.
Todos estes elementos aparecem reunidos em Ariadne, verdadeiro exemplo do goûts reúnis em ópera, que nos conta com muitas cores e efeitos a triste história da filha dos reis Minos e Pasífae. O espetáculo de hoje traz de volta o brilho, a cor e a originalidade que marcaram a ópera em Hamburgo na passagem para o século XVIII.
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Fazer ópera numa universidade traz desafios particulares. Nascendo em um laboratório de pesquisa, o estudo da ópera barroca não pode se restringir a uma sala de aula. Levar a pesquisa do plano teórico aos domínios práticos só ocorre por uma característica inerente à ópera e que se vincula à ordem do maravilhoso, palavra que tem suas raízes no miraculoso. Pois para uma obra antiga, fixada em palavras e notas musicais, ser transformada num espetáculo completo só pode ser resultado de muitos milagres. Destes, podemos listar inúmeros e generosos milagres: as longas horas de edição da partitura que um aluno decide serem mais importantes que suas noites de sono; a mágica transformação de trapos e vestidos velhos em novos figurinos; a aluna de primeiro ano que de Vinícius de Moraes se vê, cheia de graça, cantando uma perfeita Grazie do século XVII; mais de 40 coralistas ensaiando entusiasmados seus papeis num idioma que lhes é estranho; músicos dentre os mais excelentes, que num esforço coletivo trazem ao público uma obra que não se escutaria numa série regular de concertos ou ópera. Assim se cumpre uma função quase inevitável de uma universidade nos dias de hoje: a pesquisa desenvolvida em seus laboratórios não pode se eximir de curvar-se ao mundo exterior. É com enorme alegria que levamos ao público este espetáculo que é o resultado da soma de tantos esforços e talentos os mais diversos. A todos os que acreditaram no milagre desta produção, nosso profundo agradecimento!
Lucia Carpena e Silvana Scarinci
Direção musical Luis Otávio Santos
Direção geral Silvana Scarinci e Lucia Carpena
Coordenação cênica Rosane Cardoso
Cenografia Isabelle Catucci
ELENCO
Ariadne, filha de Minos e Pasifae Márcia Kaiser
Theseus, Príncipe de Atenas Cristhyan Segala e Marcos Liesenberg
Phaedra, Irmã de Ariadne Ariadne Melchioretto
Bacchus, sob o disfarce de Evanthes Maria Carolina Osternack
Minos, Rei da Ilha de Creta Thiago Montero
Pasiphaê, Rainha da Ilha de Creta Viviane Kubo
Venus Viviane Kubo
Pamphilius Sidney Gomes
Drey Grazien, Três Graças Mariana Thomaz, Kátia Santos,
Nathaly Fernandez, Liana Negreiros
Participação especial André Pottes
ORQUESTRA
Violinos Atli Ellendersen, Rafael Ferronato, Fernando Bombardelli, Rodrigo Portella, Vitor Andrade, Matheus Prust , Raquel Aranha
Violas Juliano Buosi, Fabiane Ferronato
Violoncelos Thomas Jucksh, João Guilherme Figueiredo
Contrabaixo Martinho Lutero
Flautas doces Lucia Carpena e Tatiane Wiese
Oboés Alexandre Bittencourt e Artur Ortenblad
Fagote Luis Antonio Ramoska
Cravo Fernando Cordella
Órgão Rosane Cardoso de Araújo
Teorba Silvana Scarinci
Guitarra Barroca João Gomes
Preparação do Coro Márcia Kaiser e Martinho Lutero
CORO (Coral da Universidade Positivo e Coro LAMUSA)
Agostinho de Oliveira, Aléssia Rosa, André Pottes, Angela Okazaki, Bruno Gabriel, Célia Regina Benedito, Cerise Maria Zolet, Clara Milanez, Claudia Römmelt, Diego dos Santos, Elisama Koppe, Evelin Balbo, Francine Kavinski, Giovanna Festa, Hernani Szymanski, Iva Pereira, James Henrique Castro Souza, Josiane Stahl, Juliana Silveira, Kamilla Dias, Katia Santos, Liana Negreiros, Maria Carolina de Pinho, Maria Esther Loayza, Mariana Nascimento, Nathaly Fernandes, Neuton Medeiros, Patrícia Coffacci, Paulo da Silva, Rafael Kitamura, Rafael Reis, Rafael Stahl, Reinaldo de Brito Junior, Roberta Gibertoni, Sabrina Mendes, Sara Bueno, Silmara Campos, Suélen Guimarães, Susan Stephanie, Tainá Thies, Tânia Lage, Tânia Vieira, Tércia Joaquim, Thaylla Lucena, Victor Bento.
Co-repetição Anaïz Dessartre
Pronúncia do alemão Clarissa Niessner
Equipe de cenografia Estela Kuntz, Gabriela Chiva, Jackeline Martins, Morgana Bastos, Nataly Baryckza, Nicole Stephanie Balzer, Rayza Sielski
Legendas Priscilla Malanski e Anaïz Dessartre
Tradução do Libreto Caio Heleno da Costa Pereira
Revisão da tradução Lucia Carpena
Preparação das partituras Fernando Bombardelli, Wilians Gregório
Produção Anaïz Dessartre, Anderson Toni,
Elisangela Dalmazo Maricel Ioris, Nuana Werner, Pedro Gil, Rogério Mezari, Rogers Cordeiro
Apresentador para crianças André Pottes
Luís Otávio Santos
Foi aluno de Paulo Bosísio e Bernardo Bessler. Na Holanda estudou cravo com Jacques Ogg e violino barroco com Sigiswald Kuijken. Desde os 18 anos foi solista virtuose dos principais grupos europeus de música barroca: “La Petite Bande”, “Le Concert Français” (dir. Pierre Hantai), “ Ricercar Consort” (dir. Philippe Pierlot), “Nederlandse Bachverening” (dir. Gustav Leonhardt), “ Il Fondamento” (dir. Paul Dombrecht), “ Complesso Barocco” (dir. Alan Curtis) e “ Collegium Vocale” (dir. Philippe Herreweghe). Lecionou violino barroco na “Scuola di Musica di Fiesole” e no “ Conservatoire Royale de Musique de Bruxelles”, na “ MusikHoheschule” de Leipzig. Na sua discografia solo destacam-se a integral das Sonatas de J.S.Bach (selo holandês Brillant), As Quatro Estações de Vivaldi com La Petite Bande (selo belga Accent), as Sonatas para violino de J.M.Leclair (selo alemão Ramee, prêmio“ Diapason D’Or”), os Concertos para Violino op.7 de Leclair, com a orquestra barroca belga “ Les Muffatti” (Ramee). Diretor artístico do Festival de Juiz de Fora desde 2000, Luis Otavio dirige a Orquestra Barroca do festival, com uma produção de 15 CDs. Comendador da “ Ordem do Mérito Cultural” do Ministério da Cultura, e eleito pela revista “ Época” como um dos 100 brasileiros mais influentes de 2011, coordena o Núcleo de Música Antiga da EMESP – Escola de Música do Estado de São Paulo, o mais completo curso brasileiro dedicado aos instrumentos de época. Luis Otavio Santos tem dois filhos: Mateus e Iasmin. Dentre todas suas realizações, são eles que lhe dão o maior orgulho de todos.
Lúcia Carpena
Professora de flauta doce no Departamento de Música da Universidade UFRGS. Realiza concertos como solista e camerista no Brasil e no exterior, valorizando sobretudo a investigação e divulgação de obras inéditas para flauta doce. Iniciou sua formação musical com a Profa. Ellen Klohs e é licenciada em Música pela UFRGS. Cursou o Mestrado em flauta doce com o professor Hans-Joachim Fuss na Staatliche Hochschule für Musik Stuttgart (Alemanha). Concluiu em 2007 o Doutorado em Música na UNICAMP, sob orientação dos professores Helena Jank e Paulo Mugayar Kühl.
Rosane Cardoso de Araújo
Professora do Departamento de Artes da UFPR. Doutora (UFRGS) e Pós-doutora (Universidade de Bolonha/Itália) na área de Educação Musical. Bacharel em Piano (EMBAP). Estudou cravo em Bolonha/Itália com Marila Letízia Pascolli (Conservatório di Ravenna). Foi professora de piano da Escola de Música e Belas Artes do Paraná entre 1994 e 2005. Atuou como bailarina profissional e coreógrafa (Brasil e Itália) e foi membro do Ballet Teatro Guaíra.